Pré-eclâmpsia precoce com síndrome de HELLP: Entenda a condição que tornou a gravidez de Lexa de risco
- Dario Rodrigues
- 10 de fev.
- 3 min de leitura
Cantora deu à luz Sofia no dia 2 de fevereiro, com 25 semanas de gestação. Três dias depois, no entanto, a menina faleceu

Lexa anunciou a morte da filha, Sofia, dias depois do nascimento do bebê
A cantora Lexa anunciou nas redes sociais, nesta segunda-feira (10), que sua primeira filha, Sofia, morreu há cinco dias. A menina nasceu prematuramente em 2 de fevereiro, com apenas 25 semanas de gravidez. O parto foi antecipado porque Lexa teve um quadro de pré-eclâmpsia precoce, que evoluiu para síndrome de Hellp.
A pré-eclâmpsia é uma condição que ocorre após a 20ª semana de gestação e se caracteriza pela pressão arterial elevada na gravidez e no pós-parto. Ela pode causar problemas à saúde da mãe e do feto, e é a principal causa de mortalidade materna no Brasil, segundo o Relatório 2023 da Rede Brasileira de Estudos sobre Hipertensão na Gravidez.
Lexa compartilhou que ficou 17 dias internada, período no qual ingeriu enoxaparina sódica, um remédio para prevenir e tratar a formação de coágulos sanguíneos, e “mais de 100 tubos de sangue na semi intensiva e 3 na UTI”.
“Eu tomei AAS e cálcio na gestação toda, fiz um pré natal perfeito, fiz TUDO, mas minha pré-eclâmpsia foi muito precoce, extremamente rara e grave… o meu fígado começou a comprometer, os meus rins e o doppler da minha bebezinha também… mais um dia e eu não estaria aqui pra contar nem a minha história e nem a dela”, escreveu no post.
Hipertensão na gravidez
A gestação é um período que, para a maior parte das pessoas, leva à queda da pressão arterial. No entanto, segundo os Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), agência do Departamento de Saúde e Serviços Humanos dos Estados Unidos, de 5 a 10% das gestantes têm picos de pressão alta durante a gravidez. Nas duas últimas décadas, houve um aumento de 25% nesses casos.
"Quando substâncias que são vasoconstritoras predominam no lugar das vasodilatadoras, pode faltar irrigação de sangue nos órgãos da mãe, como cérebro, pâncreas e fígado, colocando a vida da gestante em risco, e na placenta, prejudicando também o desenvolvimento do feto", explica Soubhi Kahhale, coordenador científico de obstetrícia da Maternidade São Luiz Star, da Rede D'Or.
A pré-eclâmpsia, especificamente, ocorre em 2 a 8% das gestações, de acordo com o CDC. Na maioria das situações, um bom controle da pressão arterial garante que a mãe e o feto fiquem bem.
Em uma parte dos afetados, porém, o quadro pode evoluir para complicações graves como a eclâmpsia, uma emergência médica caracterizada por convulsões. Para o feto, as consequências imediatas são baixo peso ao nascer e prematuridade. Mas a fatura pode chegar mais tarde, na forma de maior risco de hipertensão.
O que é a síndrome de Hellp
Outra evolução grave da pré-eclâmpsia é a síndrome de Hellp, um distúrbio raro da coagulação hepática e sanguínea.
Segundo a Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo), a síndrome se desenvolve em 0,1 a 0,8% de todas as gestações e 10% a 20% daquelas com pré-eclâmpsia grave/eclâmpsia.
Cerca de um terço dos diagnósticos ocorre no período pós-parto, mas o quadro pode aparecer a qualquer momento, especialmente a partir da 27ª semana de gestação.
Hellp é um acrônimo que significa:
H de hemólise - decomposição dos glóbulos vermelhos do sangue;
EL de aumento de enzimas hepáticas (elevated liver enzymes) - um número elevado de enzimas no fígado é um sinal de lesão no órgão;
LP de plaquetas baixas (low platelets) - a baixa dosagem de plaquetas atrapalha a coagulação do sangue.
A síndrome de Hellp é potencialmente tão perigosa quanto a eclâmpsia e hoje em dia é mais comum que ela. Quando a gente não consegue controlar a doença clinicamente, e a paciente tem alterações no fígado, no cérebro ou nos rins, é preciso que fazer o parto, porque senão a mãe pode morrer”, informa o médico.
Kahhale acrescenta que fazer um bom pré-natal e seguir as recomendações médicas são as melhores estratégias para evitar quadros hipertensivos na gravidez.








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